quinta-feira, maio 12

CRÓNICA DE UM CRIME ANUNCIADO?

1990 – A Companhia das Lezírias, (empresa pública) e o Grupo Espírito Santo, constituem a Portucale – Sociedade de Desenvolvimento Agro-turistico, SA. A empresa pública entrou com 510 hectares da Herdade da Vargem Fresca.
1993 – A Companhia das Lezírias, vende as suas acções na empresa ao outro sócio, a preços, considerados na altura, muito abaixo do valor real.
1994 - A Portucale pediu autorização para o abate de 4 000 sobreiros, para instalar dois campos de golfe. O pedido foi indeferido pelo então Instituto Florestal.
1995 - Duarte Silva (PSD), Ministro da Agricultura, assina um despacho favorável, ao abrigo de uma alteração legislativa feita nos derradeiros dias do governo de Cavaco Silva.
1995 - A autorização de abate foi revogada poucos meses depois, já pelo governo de António Guterres, mais propriamente pelo então ministro da Agricultura, Gomes da Silva (PS), mas parte dos sobreiros já tinham sido abatidos.
1997 – A Portucale voltou a pedir autorização para o abate de sobreiros.
1999 - A Inspecção-Geral de Finanças, considerou a alienação da Herdade da Vargem Fresca, "desfavorável para os interesses e património da Companhia das Lezírias". 2005 – A 16 de Fevereiro, (quatro dias antes das eleições), um despacho conjunto dos ministros do Ambiente, Nobre Guedes (CDS), da Agricultura, Costa Neves (PSD) e do Turismo, Telmo Correia (CDS), alegando “imprescindível utilidade pública” autorizam o abate de 2605 sobreiros, mesmo sem estudo de impacto ambiental.
2005 - A 7 de Março, o Despacho é publicado no Diário da República.
2005 – A 8 de Março o pedido de autorização para abate das árvores, dá entrada na Direcção de Recursos Florestais, e como que por milagre, num país de burocracia, no mesmo dia é deferido.
2005 – A 11 de Março a Quercus interpôs uma Providência Cautelar junto do Tribunal Fiscal Administrativo de Leiria.
2005 – A 15 de Março, quando a medida foi decretada, já tinham sido abatidos 900 sobreiros.
2005 – A 23 de Março, o ministro da Agricultura, Jaime Silva (PS), revoga a autorização de abate de sobreiros.
2005 - A 28 de Março, é assinado pelos actuais ministros da Agricultura, do Ambiente e da Economia o despacho de revoga o despacho do anterior governo.
2005 – A 10 de Maio, o ex-ministro do Ambiente, Luís Nobre Guedes (CDS) foi constituído arguido, ao mesmo tempo que Abel Pinheiro, responsável pelas finanças do CDS, foi detido para interrogatório, por suspeita de crime de tráfico de influências.
2005 – A 11 de Maio, Abel Pinheiro (CDS), foi constituído arguido, saiu sob fiança.

Se alguém se engana com seu ar sisudo,
E lhes franqueia as portas à chegada,
Eles comem tudo, eles comem tudo,
Eles comem tudo e não deixam nada.

…a saga continua…

2 comentários:

  1. E o que eu acho mais triste no meio disto tudo é que as pessoas continuem a achar que estes crimes não são graves, porque o lesado é o "Estado"...

    Lesados somos nós todos e, em alguns casos (nas questãoes ambientais), os que nos sucederem!

    E quem nos defende? Quem defende o Estado destes abutres? Não é para isso que estamos a pagar ao Ministério Público? Como é possível que uma decisão considerada pela I.-G. F. em 1999 lesiva dos interesses da C.ia das Lezírias, ou seja, do Património do Estado, não tenha dado origem a qualquer investigação por parte do Procurador-Geral da República? É um escândalo, é o que é...

    E vêem agora estes betinhos, aprendizes de governantes, aproveitar-se desta passividade e responsáveis como o Souto Moura e o P. R. apelar à "calma" e à "serenidade"...

    Eles é que devem ter já esgotado o "stock" de «valiuns»...

    Não há mais pachorra para esta escumalha.

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  2. Meu caro Micróbio,tu disfarsas com piadas.Se quiseres fazer de parvo e assobiar para o lado, é contigo..

    A.Castanho,se vivessemos num país a sério, esta gentalha estava tudo com os cornos atráz da grades.

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