Tenho uma língua na boca
e outra nos ouvidos
No meio fica a confusão
o engano
a raiva
o medo
a impotência
a submissão
a incerteza a saudade
a caneta amortecedora
o ódio
a faca
o desassossego
a luta
o render-se
o nunca se render
a morte
o inimigo
a entranha estéril
a perda dos herdeiros
No meio... ai, no meio !
por vezes o desespero
a procura
a frustração a embriaguez
a auto-anestesia a auto-mutilação
a dúvida
a certeza da dúvida
sim, da dúvida semeada em terra própria
por mão alheia
no meio os funerais
nos que se enterram palavras vivas
estando ainda quente nosso alento
palavras que gritam
que pedem ajuda
a esta minha torpe mão de guerreiro inútil
Sim, tenho uma língua na boca
e outra nos ouvidos
uma me liberta a outra me invade
uma para cantar a dor de tanta morte
a outra a assassina.
Concha Rousia -Galiza 19/05/2008
Concha Rousia -Galiza 19/05/2008
O meu agradecimento pola edição deste texto, duro de ler, e de conceber, mas real como a vida mesma... como a vida na Galiza...
ResponderEliminarAbraço e obrigada