Comemora-se hoje o 71º aniversário da Grande Aventura. Foi a 18 de Abril de 1934, que José Maria Lourenço e Florindo Tapadas Tibúrcio, resolveram, com a ajuda de dois feixes de canas, cavalgar uma das maiores cheias da Ribeira de Seda, de que há memória. O primeiro, pressentindo o perigo, rumou logo à margem. Mas Florindo continuou até que a força da corrente o levou a encalhar e ficar durante horas preso a um salgueiro. E foi graças a esta epopeia que ficou entre aqueles “que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”.
O poeta popular Afonso Semeão , contou assim esta epopeia:
MOTE
Florindo Tapadas Tibúrcio,
De canas secas fez um barco,
No dia dezoito de Abril,
De mil nove e trinta e quatro.
Foi um homem corajoso,
Ao pôr a vida a perder,
Para a todos fazer ver,
Que era n’agua habilidoso.
De jeito o fez, jeitoso,
E às vezes de “merguço”,
Com a força do seu pulso.
Viu-se na ribeira afundado,
P’la Providencia foi guiado,
Florindo Tapadas Tibúrcio.
Quando de casa abalou,
Levava a ideia formada,
Não pensando em mais nada,
Logo à agua se lançou.
O povo o acompanhou,
A ver se o tirava do charco,
Naquele serviço pôs um marco,
Tinha com outro um desafio,
Para se ver no meio do rio,
De canas secas fez um barco.
Viu-se muito atrapalhado,
Mas nunca perdeu a fé,
Foi procurando a maré,
Ficou a um freixo abraçado,
Vai-te embora, querido amado,
De canas levas mais de mil,
Vais esbarrar a um fraguil,
A mais de sessenta à hora,
Cá me fica na memória,
O dia dezoito de Abril.
Agradeço aos meus amigos,
Que me foram acompanhando,
Eu, o povo ia avistando,
E não pensava no perigo.
Em cima da agua metido,
Esta forma do meu fato,
Mergulhava como um pato,
Lá ia de mar a mar,
Quando pensei abalar,
Em mil nove e trinta e quatro.
São as aventuras das pessoas comuns que me tocam.
ResponderEliminarestas aventuras valem a pena!
ResponderEliminar