segunda-feira, fevereiro 22

A Raça do Alentejano?

É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho.... E também não é bem judeu, nem bem cigano. Como é que hei-de explicar? É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.
- Dos amarelos, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";

- dos pretos, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;

- dos judeus, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas;
- dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos;

- dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós;

- dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto;

- e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.
O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada. Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças. Não é fácil fazer um alentejano.

Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus. Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus: nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade. Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa? Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que «as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».

E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?
Era um descanso...

5 comentários:

  1. Meu Amigo,eu sou Alentejana com muito orgulho,onde quer que esteja, com quem quer que esteja sempre Alentejana.Depois do que li,sou uma Alentejana babosa, pois gostei muito da maneira como nos apresentas no texto.

    ResponderEliminar
  2. Não é alentejano quem quer.Ser alentejano não é um dote é um dom. Não se nasce alentejano. É-se alentejano. Aquilo que para o homem comum fica muito longe para um alentejano fica logo ali.
    Para um alentejano não há longe nem distância porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade mas uma prova de resistência.
    Quando Vasco da Gama (alentejano) regressou da India perguntaram-lhe se a India era longe e ele respondeu: Não.É já ali.
    Para um alentejano o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio onde não de chega sem parar de andar. Vasco da Gama afinal limitou-se a continuar o caminho no local onde Bartolomeu Dias tinha parado.
    O problema de Portugal é persistentemente este:
    muitos Bartolomeus Dias e poucos Vascos da Gama,ou seja demasiada gente que não consegue terminar o que começa.
    Por outras palavras o que se conclui é que há muitos portugueses e poucos alentejanos.
    D.Nuno Álvares Pereira já sabia que as batalhas não se decidiam pela quantidade dos combatentes mas sim pela sua qualidade. Em Aljubarrota o Rei de Castela contava com um poderoso exército composto por castelhanos e portugueses. O Mestre de Avis teve a vantagem de contar com meia dúzia de alentejanos.
    Os alentejanos riem-se de si próprios. Para uma pessoa se rir de si própria não basta ser ridìcula (ridìculos somos todos nós)mas é preciso ter sentido de humor. Só que este sentido é um extra só existente nos seres humanos topo de gama.
    As anedotas alentejanas são autênticas jóias do humor: curtas, incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação e crítica e um poder de síntese notáveis.
    Por tudo isto dou graças a Deus por ser alentejano.

    ResponderEliminar
  3. Passei só para dizer que adorei esta descrição de Alentejano... está muito bom!!!!! abraço

    ResponderEliminar
  4. Constatei hoje por acaso que publicou no seu blog um texto da minha autoria «O ALENTEJANO» a que V.Ex.ª deu o título «A RAÇA DO ALENTEJANO» mas onde não vem identificado o nome do autor.

    Este texto foi escrito em 8/4/2008 e foi publicado no meu blog REXISTIR (http://comunidade.sol.pt/blogs/contracorrente/archive/2008/04/09/O-ALENTEJANO.aspx) e nos jornais Primeira Linha, jornal de Arronches e Jornal do Alto Alentejo.

    É um texto complementar do texto ALENTEJO (http://comunidade.sol.pt/blogs/contracorrente/archive/2007/12/23/ALENTEJO.aspx), escrito em Dezembro de 2007, que foi publicado na revista Alentejo, no jornal Primeira Linha e A Ponte e que também por aí circula com o nome de outra pessoa.

    E se há coisas que aborrecem é nós vermos uma coisa que fizemos ser apropriada por terceiros.

    Agradecia-lhe, por isso, não só que corrigisse mas também que divulgasse a informação junto dos seus leitores.

    ALENTEJO : http://o-alentejo.blogspot.com/

    O ALENTEJANO : http://aracadoalentejano.blogspot.com/

    Santana-Maia Leonardo

    ResponderEliminar
  5. E o anónimo publicou como comentário precisamente um extracto do meu texto ALENTEJO a que me referi no comentário anterior.

    Santana-Maia Leonardo

    ResponderEliminar