sábado, novembro 21

Dia a Dia

Cá volto eu á minha velha lenga-lenga. Mas tem que ser e o que tem que ser tem muita força.

Hoje o dia esteve feio. Um daqueles dias que só apetece pensar em “chatices”. Agora, num intervalo dos trabalhos na minha quinta, fiz um “remember” do dia.


Almoço

1º Prato…… Sopa Juliana

2º Prato…… Lombo no forno com arroz de cenoura

Sobremesa. Arroz-Doce


Jantar

1º Prato…… Sopa Juliana

2º Prato…… Arroz á Valenciana com Salada de Alface

Fruta………… Banana


Tudo produtos de primeira e muito bem confeccionados, que não restem dúvidas. É verdade que o arroz é oferecido, mas não é exagero esta overdose de arroz?


Ah! Já me esquecia. O jantar de ontem foi arroz de tomate.

5 comentários:

  1. Senhor Moderador do Blog Crónicas do Planalto.
    Julgando ser muito importante e de interesse para o esclarecimento da opinião pública, transcrevo duas narrativas encontradas num blog. Fica ao seu critério se achar que se enquadra ou possa merecer a sua a publicação no Crónicas do Planalto.
    A. A.

    Transcrição 1:
    Meu caro Luís, perguntas o que tenho a dizer do Vinte e Cinco de Abril. O que tenho para dizer dava para escrever vários livros. Eu lutei juntamente com outros Camaradas para aparecer esse maravilhoso dia e tenho acompanhado a evolução destes 35 anos.
    Para satisfazer a tua curiosidade, vou escrever um resumo para ficares com uma ideia da situação antes do Vinte e Cinco de Abril e situação que vivemos agora.
    Portugal viveu uma longa noite fascista, 48 anos, dos governos Salazar e Caetano, partido único. Com 8.063 mil habitantes, apenas podiam votar 1.687.830 eleitores. Censura nos jornais, rádio, televisão e livros. A educação era apenas para os senhores do poder. Em Abril de 1974 havia 34% de analfabetos.
    Salazar baniu todos os partidos e organizações dos Trabalhadores. O Partido Comunista Português passou à clandestinidade e foi o único partido organizado que não deu tréguas ao fascismo, lutando pela liberdade e bem-estar do Povo desde o começo da Ditadura até ao dia da Liberdade. Muitos Comunistas deram a vida para hoje sermos Livres.
    As novas organizações fascistas, Grémios, Institutos, Casas do Povo, Sindicatos, Câmaras, Juntas de Freguesia, etc., etc., eram geridas por gente nomeada directamente pelo governo. Que mesmo sendo da sua confiança os vigiava constantemente. O Povo não vivia, vegetava. Vivia sob três efes. Fátima, Fado e Futebol e estes eventos também eram censurados.
    Para manter o Povo amordaçado, o fascista Salazar criou a Legião Portuguesa, a polícia política chamada P.V.D.E. (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado) mais tarde reforçada pelo Caetano e para enganar o Povo mudou o nome para D.G.S. (Direcção Geral de Segurança). À Censura deu o nome de exame prévio. Amigo Luís imagina que tens um frasco cheio de veneno, tiras o rótulo que diz veneno e colas um a dizer xarope. Assim foi aquilo que o Caetano fez.
    A Pide tinha carta branca para prender, torturar e até matar. Assassinou muita gente á queima-roupa, entre muitos, o General Humberto Delgado e a sua secretária Arajari Campos, que era brasileira (tua patrícia), o escultor José Dias Coelho, o médico Ferreira Soares. O tenente Carrajola assassinou Catarina Eufémia que se encontrava grávida, etc. São numerosos os crimes cometidos pela pide nas suas delegações, nas prisões e na Rua.
    A polícia política tinha a sede na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa. Tinha também várias delegações em várias capitais de distrito.
    Mas, tinha delegados (bufos da pide) pagos mensalmente, no Exército, na Marinha, na Aviação, na P.S.P., na GNR, na Policia de Viação e Trânsito, na Guarda Fiscal, na Policia Marítima, na Polícia Judiciária, nos Governos Civis, nas Câmaras Municipais, nas Juntas de Freguesia, nas Juntas Distritais, nas Casas do Povo, nos Sindicatos, nos Grémios, nos Institutos, nas Escolas, nas Universidades, nas Igrejas, nos Tribunais, etc. Quase metade da população portuguesa tinha ficha na pide.
    Foram encontradas na sede da pide três milhões de fichas, em arquivo, referentes a presos políticos e pessoas vigiadas que continham toda a sua vida até ao pormenor.

    (Continua no próximo comentário)

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  2. (Continuação do comentário anterior) - A.A.

    Com efeito cada Dossier individual de controlo, como eram designadas as fichas, continha as seguintes alíneas:
    -Nome
    -Pseudónimo
    -Nascimento (lugar e data)
    -Filiações
    -Filhos e outros parentes
    -Religião
    -Habilitações
    -Serviço Militar
    -Detenções
    -Descrição física (com sinais particulares)
    -Informação profissional, particular e pessoal
    -Endereços
    -Bens móveis e imóveis
    -Criados
    -Restaurantes
    -Barbeiro
    -Cabeleireiro
    -Alfaiate
    -Modista
    -Médico
    -Lojas
    -Igrejas
    -Teatros
    -Cinemas
    -Clubes
    -Bares
    -Férias
    -Passatempos
    -Amantes
    -Amigos pessoais
    -Sistemas de transporte

    A Igreja Católica foi um grande sustentáculo do regime naqueles 48 anos, durante aquela imensa noite fascista.
    Alguns padres que denunciaram os crimes do fascismo foram presos pela pide e expulsos da Igreja pelos bispos de quem dependiam.
    O facínora Salazar criou também Tribunais Plenários de Juizes Desembargadores e Corregedores para julgarem apenas todos os opositores e fez leis para manter eternamente presos, nas prisões fascistas, ou no Campo do Tarrafal, todos aqueles que o fascismo assim o entendesse. Aqueles Juizes eram fascistas encartados. Os presos que mandavam para o Tarrafal, conhecido por Campo de morte lenta, dificilmente voltavam a ver as famílias e aqueles carrascos tinham perfeito conhecimento daquela situação.
    As riquezas do país estavam nas mãos de meia dúzia de famílias. Os grupos que comandavam toda a economia , eram o grupo Cuf e Champalimou. O poder político estava subordinado aos grandes grupos económicos.
    Entretanto, começou a guerra nas três Colónias portuguesas, Guiné, Angola e Moçambique.
    Os naturais daquelas Nações lutavam pela sua independência. O Salazar deslocou para a frente de batalha daquelas Colónias 200 mil soldados.
    Desde 1961 até 1974 foram mortos dez mil jovens soldados portugueses e trinta mil foram feridos, a maioria incapacitados para a vida.
    Os impostos quadruplicaram de 1961 para 1973 e naquele ano atingem 4.000$00 por habitante. A divida do estado subiu de 17 milhões para mais de 53 milhões de contos. O aumento do custo de vida era de 33% em 1973.
    Um milhão e meio de portugueses abandonaram o país. Uns partem legalmente, outros a “salto” e endividados, explorados por passadores, sofrem fome, frio e medo dos dias escondidos, das noites a caminhar. Muitos deles são jovens que fogem para não irem para a guerra das Colónias. Não querem morrer numa guerra injusta.
    Amigo Luís Lourenço, com este pequeno resumo do antes do Vinte e Cinco de Abril talvez compreendas a razão porque surgiu a Revolução dos Cravos. A seguir vou escrever um resumo da situação actual.
    Um grande abraço.

    (Continua no próximo comentário)

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  3. (Continuação do comentário anterior)

    Transcrição2:
    Amigo Luís Lourenço. Perguntas o que penso do Vinte e Cinco de Abril. Vou satisfazer a tua curiosidade.
    Naquele dia Vinte e Cinco de Abril de 1974, o Povo ficou livre. Foram criadas grandes esperanças. A maioria do Povo português festejou o fim da ditadura.
    O governo do General Vasco Gonçalves fez Leis contra a corrupção e Leis para proteger todos aqueles que viviam do seu trabalho. Muitos compraram ou construíram casa.
    O ensino Universitário começou a ser extensivo a todos e não apenas para os filhos dos senhores do poder. Deixou de ser preciso o “senhor cunha” para arranjar trabalho.
    Mas os governos que lhe sucederam, nomeadamente o governo do Dr. Mário Soares, retirou todas as Leis que protegiam a nação dos oportunistas e promulgou Leis de contratos a prazo para os Trabalhadores. Aliou-se às forças que nos oprimiram durante os anos do fascismo e criou leis bem piores que as de Salazar.
    Fez leis para aumentar os ordenados dos políticos, deputados, presidentes de câmaras, ministros, etc., etc.
    Com aquelas leis os políticos aumentam os ordenados a eles próprios, quando querem. Actualmente ganham ordenados chorudos.
    A corrupção atinge todas as estruturas do Estado. Como são eles que fazem as leis a seu favor, ninguém presta contas.
    Quando algum é chamado à justiça para prestar contas acaba por desgraçar mais o Povo, porque pedem uma grande indemnização ao Estado por ter posto em causa o seu bom nome. E o Povo é que tem de pagar tudo.
    O emprego é só para os amigos dos políticos.
    Os que não são do partido do poder só arranjam trabalho tendo uma “grande Cunha”.
    A riqueza da nação passou para meia dúzia de magnates.
    A censura aos meios de comunicação é feita pelos donos da comunicação social. Como têm tudo nas mãos, são eles que determinam as notícias que devem ser publicadas ou difundidas nas rádios, televisões e jornais.
    A situação para aqueles que vivem de trabalho está muito complicada.
    O Povo está a abandonar o país e parte para outros países, tal qual fazia nos tempos da ditadura!
    O país está a saque. Os políticos comem tudo. Para estes marmanjos, o Vinte e Cinco de Abril foi um maná. Eles nunca estiveram tão bem na vida. Nunca houve tanta ladroagem em Portugal. Isto está podre meu caro Luís Lourenço.
    É isto, como podes verificar, aquilo que eu penso e sinto.
    Um forte abraço.
    Final das duas transcrições

    A.A.

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  4. Meu Caro Amigo
    Obviamente que não só é possível, como agradeço a sua contribuição. O Crónicas do Planalto pertence a todos os que o leem.

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