Capítulo XXVII
E agora, certamente, já se vão seis anos... Jamais contara essa história. Os camaradas ficaram contentes de ver-me são e salvo. Eu estava triste, mas dizia: É o cansaço...
Agora já me consolei um pouco. Mas não de todo. Sei que ele voltou ao seu planeta; pois, ao raiar do dia, não lhe encontrei o corpo. Não era um corpo tão pesado assim... E gosto, à noite, de escutar as estrelas. Quinhentos milhões de guizos...
Mas eis que sucede uma coisa extraordinária. Na mordaça que desenhei para o principezinho, esqueci de juntar a correia! Não poderá jamais prendê-la ao carneiro. E eu pergunto então: "Que se terá passado no planeta? Pode bem ser que o carneiro tenha comido a flor..."
Ora eu penso: "Certamente que não! O principezinho encerra a flor todas as noites na redoma de vidro e vigia bem o carneiro..." Então, eu me sinto feliz. E todas as estrelas riem docemente.
Ora eu digo: "Uma vez ou outra a gente se distrai e basta isto! Esqueceu uma noite a redoma de vidro ou o carneiro saiu de mansinho, sem que fosse notado..." Então os guizos se transformam todos em lágrimas!...
Eis aí um mistério bem grande. Para vocês, que amam também o principezinho, como para mim, todo o universo muda de sentido, se num lugar, que não sabemos onde, um carneiro, que não conhecemos, comeu ou não uma rosa...
Olhem o céu. Perguntem: Terá ou não terá o carneiro comido a flor? E verão como tudo fica diferente...
E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tanta importância.
domingo, abril 2
O PEQUENO PRINCIPE (A. de Saint-Exupéry)
Posted by A.Mello-Alter at 4/02/2006 02:25:00 da tarde
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o livro é simplesmente emocionante, tem que ser lido com a alma e o coração.
ResponderEliminarveronicaveronica@bol.com.br