sexta-feira, abril 24

Amanhã, nasceu a liberdade!
Talvez um dia, eu a copie.

1 comentário:

  1. O quotidiano "não"

    Estamos todos bem servidos
    de solidão.
    De manhã a recolhemos
    do saco, em lugar de pão.

    Pão é claro que temos
    (não sou exageradão)
    mas esta imagem do saco
    contendo um pequeno «não»

    não figura nesta prosa
    assim do pé para a mão,
    pois o saco utilizado,
    que pode ser o do pão,

    recebe modestamente
    a corriqueira fracção
    desse alimento que é
    tão distribuído, tão

    a domicílio como
    o leite ou o pão.
    Mas esse leitor aí
    (bem real!) já diz que não,

    que nunca viu no tal saco
    o tal «não».
    Ao que o poeta responde,
    sem maior desilusão:

    - Para dizer a verdade,
    eu também não...
    Mas estava confiante
    na sua imaginação

    (ou na minha...) e que sentia
    como eu a solidão
    e quanto ela é objecto
    da carinhosa atenção

    de quem hoje nos fornece
    o quotidiano «não»,
    por todos os meios, desde
    a fingida distracção,

    até ao entre-parêntesis
    de qualquer reclusão...


    Alexandre O'Neill

    ResponderEliminar