domingo, setembro 14

Memória do Crónicas

14/09/04 Segunda

Quando foi que demorei os olhos sobre os seios nascendo debaixo das blusas, das raparigas que vinham, à tarde, brincar comigo?...... Como nasci poeta, devia ter sido muito antes que as mães se apercebem disso e fizessem mais largas as blusas para as suas meninas. Quando, não sei ao certo.
Mas a história dos peitos, debaixo das blusas, foi um grande mistério.
Tão grande que eu corria até ao cansaço.
E jogava pedradas a coisas impossíveis de tocar, como sejam os pássaros quando passam voando.E desafiava, sem razão aparente, rapazes muito mais velhos e fortes!E uma vez, de cima de um telhado, joguei uma pedrada tão certeira, que levou o chapéu do senhor administrador!Em toda a vila, se falou, logo, num caso de política; o senhor administrador mandou vir, da cidade, uma pistola, que mostrava, nos cafés, a quem a queria ver; e os do partido contrário, deixaram crescer o musgo nos telhados com medo daquela raiva de tiros para o céu...
Tal era o mistério dos seios nascendo debaixo das blusas!

Manuel da Fonseca

Sem comentários:

Enviar um comentário