domingo, setembro 6

Não há festa como esta

Seixal, Setúbal, 05 Set (Lusa) -- António, de Córdova, remexe alhos e cebolas dentro de uma gigantesca frigideira. Ainda não é hora de almoço, mas no pavilhão espanhol instalado na Festa do Avante!, no Seixal, prepara-se um "arroz cordobés".

Pimento, tomate, carne de galinha e de porco, cerveja e vinho branco e 25 quilos de arroz são os ingredientes necessários para alimentar 350 pessoas. A confecção desta especialidade andaluza demora cerca de duas horas e meia, mas não faltam candidatos para a degustação.

Visitar a Festa do Avante!, que decorre até domingo na Quinta da Atalaia, Seixal, é uma oportunidade para saborear pratos típicos de várias regiões do país e do Mundo, nos pavilhões de organizações regionais do PCP e nos stands de partidos comunistas de países variados como Moçambique, Cuba, Timor-Leste, China ou Uruguai.

Júlio e Elizabete Lameiras, naturais da Serra da Estrela, almoçam percebes, xerém de conquilhas e salada, do pavilhão do Algarve.

Preferem "petiscar" a "fazer uma só refeição", explicam. Frequentadores da Festa do Avante! "desde sempre", jantaram sexta-feira "na Galiza e em Aveiro". "Estava tudo muito bom", garantem.

Sem ser preciso fazer uma viagem, os visitantes podem experimentar ofertas tão variadas como moamba de galinha ou calulu de peixe (Angola), matapa de caranguejo ou chamuças moçambicanas, cachupa e bife de atum (Cabo Verde), bobó de camarão ou caldo de feijão, acompanhados de uma caipirinha brasileira, ou arroz de feijão com costeleta ou frango, de Cuba.

Os espaços de países africanos têm como maiores clientes os portugueses que para lá emigraram e que procuram agora "matar saudades dos sabores", descreveu a angolana Florinda Victor.

Há especialidades menos comuns, como os do bar da Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação Iúri Gagárin: os "pielméni cozidos" (bolas de carne moída envoltas em massa), as "rações KOCMOC", em que um "shot" de vodka pura é acompanhado com uma fatia de pão preto com uma fatia de pepino de conserva salgado ou a "kvass", refrigerante tradicional russo, explicou à Lusa Domingos Mealha, responsável pelo espaço.

"As pessoas não conhecem, ao princípio ainda estranham um bocadinho, mas depois comem tudo", garante.

Ou talvez não: junto ao bar, uma rapariga jovem tenta convencer o namorado a experimentar uma dose de "pielméni", mas sem sucesso. O rapaz abana a cabeça e os dois seguem caminho, talvez à procura de sabores mais conhecidos.

Os vegetarianos presentes na Festa -- que "são muitos", diz Nádia Lima, do bar vegetariano -- também encontram pratos adaptados às suas preferências.

João Tempera, vocalista da banda "João e a Sombra", não teve dúvidas na escolha do menu para o almoço: vegetariano há 16 anos, pediu um gaspacho à alentejana e um prato de esparguete com bolonhesa de soja.

Ainda conseguiu "arrastar" consigo três elementos da banda, mas houve um outro que não se deixou seduzir pelos sabores vegetarianos, juntando-se mais tarde aos amigos com uma pizza cheia de fiambre.

Para acompanhar toda esta oferta gastronómica, há muitas variedades de bebidas e licores.

Vende-se moscatel de Palmela, ginginha lisboeta, poncha da Madeira, vinhos de todo o país e cerveja, provavelmente a bebida mais consumida.

Na "Rota dos Vinhos" do Alentejo, é possível comprar vinhos de toda a região, à excepção da marca mais cara (20 euros cada garrafa), que ao final da manhã do segundo dia de Festa já tinha esgotado, contou à Lusa Raimundo Cabral.

"Mas esse é para aquela malta que gosta de vinhos. Já os mais novos compram um vinho da Vidigueira, que custa quatro euros", descreveu.

JH.

Lusa/fim

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