quinta-feira, setembro 29

PASSEATA

Os bispos de espanha ameaçam sair à rua em manifestação, se passar no Parlamento o projecto de lei Orgânica de Educação, já aprovado em Conselho de ministros, e que transfere o vínculo laboral dos professores de Religião para as respectivas Igrejas.

Com que direito esta canalha pretende impor uma disciplina do seu interesse, nomear pessoas da sua confiança e obrigar o estado a pagar?

A determinação de José Luís Zapatero de transformar a Espanha num país laico, como manda a Constituição, põe os bispos de cabeça perdida.
Estavam confiados no direito divino para continuar a ser donos de Espanha, e afinal, basta um governante legitimado pelo voto para pôr as mitras em ebulição e as sotainas a rodopiar.

quarta-feira, setembro 28

MENSAGEM - Fernando Pessoa


OS TEMPOS II

TORMENTA

Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.

Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha, e o mar 'scuro 'struge.

terça-feira, setembro 27

É FARTAR VILANAGEM

O pobre Povo Português, um destes dias deixa de aguentar tanto “parasita” nas suas costas.
O novo “político chulo” é Pedro Santana Lopes, que se vai aposentas aos 49 anos.
Depois de uma vida totalmente passada a mamar na “porca da política”, este paradigma da incompetência, vai aproveitar os 7 anos que passou nas câmaras da Figueira da Foz e Lisboa, onde só fez merda, para ir buscar mais de 3.000 € mensais.
Este mesmo político, que durante a última Campanha Eleitoral, defendeu o aumento da idade da reforma.
Para o Povo, só aos 65 anos e após 40 anos de trabalho, vem a parca reforma. Mas para os Políticos, por mais vigaristas e incompetentes que sejam, e este é o, é o que se vê.

segunda-feira, setembro 26

LÓGICA INFANTIL

BELEZA

"Não tem a ver com sermos bonitos ou não. Eu sou bonito e ainda não encontrei ninguém para casar comigo."

Ricardo - 7 anos

domingo, setembro 25

O PEQUENO PRINCIPE (A. de Saint-Exupéry)

Capítulo VIII
Pude bem cedo conhecer melhor aquela flor. Sempre houvera, no planeta do pequeno príncipe, flores muito simples, ornadas de uma só fileira de pétalas, e que não ocupavam lugar nem incomodavam ninguém. Apareciam certa manhã na relva, e já à tarde se extinguiam. Mas aquela brotara um dia de um grão trazido não se sabe de onde, e o principezinho vigiara de perto o pequeno broto, tão diferente dos outros. Podia ser uma nova espécie de baobá. Mas o arbusto logo parou de crescer, e começou então a preparar uma flor. O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto. Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma sua pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah! Sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias. E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado
E ela, que se preparava com tanto esmero, disse, bocejando:
- Ah! Eu acabo de despertar... Desculpa... Estou ainda toda despenteada...
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol...
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!
- Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim...
E o principezinho, embaraçado, fora buscar um regador com água fresca, e servira à flor.
Assim, ela o afligira logo com sua mórbida vaidade. Um dia por exemplo, falando dos seus quatro espinhos, dissera ao pequeno príncipe:
- É que eles podem vir, os tigres, com suas garras!
- Não há tigres no meu planeta, objetara o principezinho. E depois, os tigres não comem erva.
- Não sou uma erva, respondera a flor suavemente.
- Perdoa-me...
- Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Não terias acaso um pára-vento?
"Horror das correntes de ar... Não é muito bom para uma planta, notara o principezinho. É bem complicada essa flor..."
- À noite me colocarás sob a redoma. Faz muito frio no teu planeta. Está mal instalado. De onde eu venho...
Mas interrompeu-se de súbito. Viera em forma de semente. Não pudera conhecer nada dos outros mundos. Humilhada por se ter deixado apanhar numa mentira tão tola, tossiu duas ou três vezes, para pôr a culpa no príncipe:
- E o pára-vento?
- Ia buscá-lo. Mas tu me falavas... Então ela redobrara a tosse para infligir-lhe remorso
Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.

"Não a devia ter escutado - confessou-me um dia - não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, me devia ter enternecido..."
Confessou-me ainda:
"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."

sábado, setembro 24

A CAMINHO DO 3º MUNDO?

Um cidadão português é apanhado a 200 Km por hora e não lhe é aplicada a multa de lei nem é apreendida a carta ao motorista. O cidadão em causa é o presidente do Tribunal Constitucional.
O primeiro-ministro inaugura uma unidade industrial que labora ilegalmente em terrenos agrícolas desde 1997.
João van Zeller, que se demitiu dos cargos administrativos que ocupava na TVI e na RETI, disse que foram as cumplicidades entre os partidos socialistas, português e espanhol que permitiram a "tranquila assinatura" do acordo entre a Media Capital e a Prisa.
O vice-presidente de uma câmara denuncia pressões do poder político e de promotores imobiliários para a aprovação de projectos urbanísticos.
Autarcas, dirigentes desportivos, ex-autarcas, candidatos a autarcas, ex-governantes, chefes de gabinete, amigos e angariadores de dinheiro para os partidos são arguidos ou estão indiciados como coniventes em processos de corrupção ou tráfico de influências...
Uma autarca foge à justiça, e quando lhe apetece regressa, sem que nada lhe aconteça.

Estas são só algumas das notícias que se podem ler profusamente em quase toda a comunicação social.

O nosso Sistema Judicial está nesta vergonha, porque não houve coragem para, no dia 26 de Abril de 74, “correr” com todos os juízes, em vez de os cumular de mordomias.
Esta cambada de “bois mansos”, que de bom grado serviu a ditadura, nunca tiveram “tomates” para se recusar a presidir ao famigerados Tribunais Plenários, que enviavam para a prisão os democratas opositores ao regime, continuam a governar os destinos da justiça e formar os novos juízes.
Continuaram a administrar a justiça à medida do “bolso” de cada um. E quem não seguir a cartilha, é corrido como o Rui Teixeira,

quinta-feira, setembro 22

(IN)JUSTIÇA

O Supremo Tribunal indonésio absolveu na ultima quinta-feira, um alto responsável da polícia acusado de atrocidades em 1999 em Timor-Leste, decisão que se soma a uma já longa lista de desculpabilizações de oficiais julgados por crimes de guerra.
Três dos cinco juízes do tribunal confirmaram a absolvição de Hulman Gultom, ex-chefe da polícia do distrito de Díli.

Os defensores dos direitos humanos têm acusado a justiça indonésia de operar como uma máquina de "branqueamento" dos responsáveis de crimes políticos, neste quadro se inserindo, precisamente, a decisão de hoje do Supremo Tribunal.

Dos 18 acusados que compareceram perante o tribunal especial criado pela Indonésia para julgar os seus nacionais implicados na onda de violência e morte que varreu Timor-Leste, 17 foram ilibados e o único condenado, que interpôs recurso, conta com idêntico veredicto.

quarta-feira, setembro 21

APARIÇÃO

Agora já acredido em Fátima.
Finalmente apareceu a Senhora.
Mas não foi em cima de uma oliveira na Cova de Iria.
Apareceu no aeroporto da Portela de Sacavém.

MENSAGEM - Fernando Pessoa

OS TEMPOS I

NOITE

A nau de um deles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a névoa escura.

Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à pátria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou.

Como e um cativo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando, o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura,
Com fixos olhos rasos de ânsia
Fitando a proibida azul distância.

Senhor, os dois irmãos do nosso Nome
O Poder e o Renome –
Ambos se foram pelo mar da idade
À tua eternidade;
E com eles de nós se foi
O que faz a alma poder ser de herói.

Queremos ir buscá-los, desta vil
Nossa prisão servil:
É a busca de quem somos, na distância
De nós; e, em febre de ânsia,
A Deus as mãos alçamos.

Mas Deus não dá licença que partamos.

terça-feira, setembro 20

OPINIÕES

Estes actos terroristas praticados no Iraque, indiscriminadamente, sobre os cidadãos daquele país, incluindo mulheres e crianças (ou seleccionando principalmente crianças) têm a mesma marca da CIA que todos os outros atentados terroristas praticados pelo Mundo, para "justificar" a guerra.
É a estratégia que permite perpetuar, "ad eternum" a ocupação por parte das tropas americanas (ou passar os custos da ocupação para outros países, usando a ONU, mantendo os USA o controlo do território e os benefícios, incluindo a posse do petróleo)...

O que eu me pergunto, por vezes, é: que raio de gente são os governantes, actuais, iraquianos, para serem assim tão rafeiros dos USA?
Serão também agentes recrutados pela CIA desde há muito?
A origem e autoria dos atentados, é tão óbvia que até um cego vê (até nós, de tão longe). Como é que eles não vêem?Ou será que sabem bem o que se passa e são cúmplices de tão nefandos crimes?Piores do que os inimigos só mesmo os traidores!

( Biranta )

segunda-feira, setembro 19

CÃES EM LISBOA

Este fim de semana lisboeta, foi marcado pelos cães.
No sábado, a concentração de “cabeças rapadas”, no domingo a de “bobys peludos”.
A RTP, como serviço público que se preza, esteve nas duas e fez entrevistas aos animais que por lá encontrou.
No sábado, “rosnaram ódio”, no domingo, “abanaram o rabo”.
E se por acaso se pôde vislumbrar nalguma destas concentrações, algum resquício de inteligência, foi na dos cães de quatro patas.

domingo, setembro 18

O PEQUENO PRINCIPE (A. de Saint-Exupéry)

Capítulo VII
No quinto dia, sempre graças ao carneiro, este segredo da vida do pequeno príncipe me foi de súbito revelado. Pergunto-me, sem preâmbulo, como se fora o fruto de um problema muito tempo meditado em silêncio:
- Um carneiro, se come arbusto, come também as flores?
- Um carneiro come tudo que encontra.
- Mesmo as flores que tenham espinho?
- Sim. Mesmo as que têm.
- Então... para que servem os espinhos?
Eu não sabia. Estava ocupadíssimo naquele instante, tentando desatarraxar do motor um parafuso muito apertado. Minha pane começava parecer demasiado grave, e em, breve já não teria água para beber...

- Para que servem os espinhos?
O principezinho jamais renunciava a uma pergunta, depois que a tivesse feito. Mas eu estava irritado com o parafuso e respondi qualquer coisa:
- Espinho não serve para nada. São pura maldade das flores.
- Oh!
Mas após um silêncio, ele me disse com uma espécie de rancor:
- Não acredito! As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com os seus espinhos...
Não respondi. Naquele instante eu pensava: "Se esse parafuso ainda resiste, vou fazê-lo saltar a martelo". O principezinho perturbou-me de novo as reflexões:
- E tu pensas então que as flores...
- Ora! Eu não penso nada. Eu respondi qualquer coisa. Eu só me ocupo com coisas sérias!
Ele olhou-me estupefacto:
- Coisas sérias!
Via-me, martelo em punho, dedos sujos de graxa, curvado sobre um feio objeto.
- Tu falas como as pessoas grandes!
Senti um pouco de vergonha. Mas ele acrescentou, implacável:
- Tu confundes todas as coisas... Misturas tudo!
Estava realmente muito irritado. Sacudia ao vento cabelos de ouro:
- Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!
- Um o quê?
- Um cogumelo!
O principezinho estava agora pálido de cólera.
- Há milhões e milhões de anos que as flores fabricam espinhos. Há milhões e milhões de anos que os carneiros as comem, apesar de tudo. E não será sério procurar compreender por que perdem tanto tempo fabricando espinhos inúteis? Não terá importância a guerra dos carneiros e das flores? Não será mais importante que as contas do tal sujeito? E se eu, por minha vez, conheço uma flor única no mundo, que só existe no meu planeta, e que um belo dia um carneirinho pode liquidar num só golpe, sem avaliar o que faz, - isto não tem importância?!
Corou um pouco, e continuou em seguida:
- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, nalgum lugar..." Mas se o carneiro come a flor, é para ele, bruscamente, como se todas as estrelas se apagassem! E isto não tem importância!
Não pôde dizer mais nada. Pôs-se bruscamente a soluçar. A noite caíra. Larguei as ferramentas. Ria-me do martelo, do parafuso, da sede e da morte. Havia numa estrela, num planeta, o meu, a Terra, um principezinho a consolar! Tomei-o nos braços. Embalei-o. E lhe dizia: "A flor que tu amas não está em perigo... Vou desenhar uma pequena mordaça para o carneiro... Uma armadura para a flor... Eu...". Eu não sabia o que dizer. Sentia-me desajeitado. Não sabia como atingi-lo, onde encontrá-lo... É tão misterioso, o país das lágrimas!

sábado, setembro 17

OLHA QUE FINOS…

Os pais dos alunos da Escola EB 1 de Nisa substituíram ontem os filhos no arranque do ano lectivo, como forma de protesto pela colocação das crianças do 1º ano em turmas do 2º, 3º e 4º anos.
Em declarações à Lusa, Amílcar Zacarias, porta-voz dos pais dos alunos, explicou que a situação poderá representar um entrave ao sucesso escolar das crianças.
"Estamos perante uma situação de desigualdade e discriminação, além do notório choque de conhecimentos por adquirir e já adquiridos pelos alunos, somando a diferença de idades entre os alunos do 1º ano e dos anos seguintes", explicou.

Eu fiz a minha Instrução Primária, numa grande sala com perto de 40 alunos dos 4 anos e uma professora.
Nunca encontrei nenhum “entrave” ao meu “sucesso escolar”, nem sofri de “choque de conhecimentos”. E olhem que no exame da 4ª Classe, fiquei “Aprovado com Distinção”.
Quem dera a muitos pais, por esse mundo fora, ter para os filhos as condições da escola de Nisa
.

quinta-feira, setembro 15

MANHÃ SANGRENTA

A manhã de ontem no Iraque foi sangrenta. Uma dezena de ataques, mais de 150 mortos e 500 feridos, que dadas as condições dos cuidados de saúde, irão grande parte deles, engrossar o número de mortos.
O mais grave, em Bagdade, matou 80 pessoas e fez 160 feridos, muitos em estado grave. Eram sobretudo civis à procura de trabalho, na luta diária pela sobrevivência
Há alguns meses que o Iraque não conhecia uma manhã tão violenta.

Mas que importância é que isto pode ter? São vidas de segunda. Era grave era se fosse em Londres.
O importante é controlar o petróleo e os fabricantes de armamento fazerem negócios.

quarta-feira, setembro 14

MENSAGEM - Fernando Pessoa

OS AVISOS III

Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?

terça-feira, setembro 13

A MANIF. DA “TROPA”

Coimbra, 25 de Abril de 1974
“Golpe militar. Assim eu acreditasse nos militares. Foram eles que, durante os últimos macerados cinquenta anos pátrios, nos prenderam, nos censuraram, nos apreenderam e asseguraram com as baionetas o poder à tirania. Quem poderá esquecê-lo ?Mas pronto: de qualquer maneira, é um passo. Oxalá não seja duradoiramente de parada...

”(Miguel Torga - Diário XII)

Obviamente que todos os cidadãos têm o direito de se manifestar livremente e lutar pelo que julgam ser os seus direitos.
Apesar de lutarem por “Direitos Adquiridos” injustos por não terem nada a ver com a realidade do país e terem sido alguns deles obtidos por “pressão” a políticos fracos, mesmo assim têm direito a manifestar-se.
Desde que o façam na qualidade de cidadãos e não fardados como da última vez. A farda vincula a Instituição Militar, que de abster-se de lutas laborais.
Não podemos correr o risco, que num futuro próximo, decidam manifestar-se não só Fardados, mas também Armados.

segunda-feira, setembro 12

COLABORAÇÕES

A AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Nos últimos tempos muito se tem falado da necessidade da reforma da Administração Pública. Mas quando se põe o problema, agora associado ao controlo do défice orçamental das contas públicas, pergunta-se de que Sectores da Administração estamos efectivamente a tratar. Dá a impressão, à primeira vista, ou para os cidadãos menos atentos de que tudo na Administração está mal. Uma quantidade enorme de malandros tem andado a gastar dinheiro ao Estado a fazer coisas inúteis e os sucessivos Governos foram assistindo ao descalabro sem nada fazerem até esta data.
A generalização é perigosa como é fácil compreender. Como todas as grandes organizações a Administração Pública foi cumprindo as políticas dos vários Executivos
e as estratégias delineadas pelos seus altos dirigentes.
É evidente que há problemas a resolver, que o número excessivo de Governos, nos últimos 30 anos, e a ausência de um pacto de regime ou entendimento sério entre as forças políticas que integram o chamado arco do poder, não tem facilitado a abordagem séria do assunto.
Voltando ás áreas da Administração que mais preocupam os cidadãos salientamos as seguintes:
-Educação – Maus resultados no ensino. Gastos no sector ao nível dos países mais desenvolvidos da União Europeia. Problemas com o excesso e colocação de professores.
-Justiça – Processos atrasados. Justiça tão lenta que se transforma em injustiça.
-Saúde – Listas de espera para cirurgias nos hospitais com atendimentos muito para além do tempo razoável. Insuficiência de pessoal médico e de enfermagem.
-Força Armadas – Sua adaptação ao território que temos, actualmente, e redefinição das suas funções em tempo de paz.
Como se vê o problema não é fácil. O simples enunciado de meia dúzia de questões nas áreas anteriormente descritas, arrasta um conjunto de situações cuja complexidade e respectivas soluções são conhecidas. O facto de terem sido criados ao longo do tempo Departamentos Governamentais para tratarem especificamente o problema não tem conduzido a resultados satisfatórios como se tem verificado.
Na década de 70, antes do 25 de Abril, foi criado um Secretariado para a Reforma Administrativa dependente da Presidência do Conselho de Ministros e desde então não há Governo que se preze que não tenha no seu programa e na sua Orgânica o tema da Administração Pública e sua reforma.
O assunto não é, portanto, novo. Tem raízes. Penso valer a pena analisar as questões de pessoal e a sua evolução uma vez que se trata da componente mais complicada da estrutura de custos da Administração.
Até aos anos 30 o esquema remuneratório da Administração Pública encontrava-se disperso por vários diplomas com os direitos e regalias das várias categorias de funcionários diferenciados de acordo com a importância do Ministério ou Serviço sem qualquer justificação real. Assim, funcionários com as mesmas qualificações académicas e/ou profissionais tinham remunerações e regalias diferentes consoante o Departamento onde trabalhavam.
Em 1931 o regime de então publica o decreto c.f.l. nº 26115, que clarifica a situação de todos os funcionários quanto a vínculos, carreiras e remunerações e arruma as diferentes categorias em letras de “A” a “Z” modalidade que vigora até ao início da década de 90, mais concretamente até à entrada em vigor do novo sistema retributivo da administração pública.
Até final da década de 60 a admissão na Função Pública e a progressão nas carreiras era feita por concurso, principalmente na carreira administrativa.
No início da década de 70 com a Reforma de Veiga Simão no Ministério da Educação e a passagem de um ensino de elites para um ensino massificado foi efectuada uma alteração profunda nas estruturas da educação a todos os níveis. A criação de novas Direcções Gerais e Serviços, com os respectivos quadros de pessoal, abre perspectivas para a entrada de técnicos, posteriormente designados técnicos superiores, licenciados, que para além do ensino tinham agora a possibilidade de preencher os novos lugares criados no Ministério da Educação.
Esta entrada maciça de licenciados sem qualquer formação específica na administração pública, ressalvando alguns casos das áreas de direito e economia, os mais difíceis de recrutar, dada a concorrência com o sector privado, pouco veio alterar o rendimento da Administração Pública. A situação a partir daí com a diferenciação de vencimentos das categorias de pessoal técnico e administrativo, muitas vezes desempenhando funções idênticas, criou um clima de mal-estar entre o pessoal das carreiras com níveis de remuneração mais baixos.
A tendência para a subida da massa salarial na Administração Pública começa, assim, a verificar-se ainda antes do 25 de Abril, agravando-se com o Novo Sistema Retributivo que vem criar uma quantidade tal de Corpos Especiais que a administração em geral, ou seja todos os que não cabiam nos ditos corpos especiais passaram a ser minoritários. Deste modo a excepção, que deveriam ser os corpos especiais passaram a regra com inegáveis repercussões no volume total das despesas com o pessoal.
Não admira, assim, que o aumento do número de funcionários aliado a uma distorção das remunerações na sequência da entrada em vigor do NSR e leis subsequentes tenham contribuído fortemente para colocar a despesa com a Administração Pública nos actuais 15% do PIB.
Neste momento a aplicação do princípio do orçamento de base zero que obrigaria a uma análise cuidada da necessidade de qualquer Organismo da Administração Pública e da correcta avaliação de funções e determinação do número de funcionários necessários, baixaria, seguramente, a despesa global da Administração para números aceitáveis de percentagem do PIB.
Um dos argumentos utilizados para a fraca produtividade do Sector Público é o baixo nível de qualificação dos seus elementos. È um facto e aqui as estatísticas não mentem.
Deverá, no entanto, acrescentar-se que a não adequação das qualificações académicas ou profissionais às funções desempenhadas é outro factor a considerar.
Uma vez que a Administração se encontra associada ao controlo do défice orçamental não restam dúvidas de que é necessário:
- Reduzir custos e eliminar desperdícios;
- Reestruturá-la, desburocratizando-a e aproximando-a dos cidadãos;
- Modernizá-la, introduzindo, gradualmente, as novas tecnologias de informação.
Esperamos que a nova Comissão de Avaliação da Administração Pública tenha condições para executar um trabalho credível, indispensável não só ao controlo do défice mas também para o arranque de uma administração moderna e eficiente. Penso que não poderá ser mais uma Comissão a juntar a tantas outras do género, porque o País atingiu nesta área uma situação que se pode considerar de não retorno, pelo que será impensável manter a actual situação por mais tempo.

(João Aurélio Raposo)

domingo, setembro 11

11 de Setembro de 2001

O PEQUENO PRINCIPE (A. de Saint-Exupéry)

Capítulo VI
Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, e a sua vidinha melancólica. Muito tempo não tiveste outra distracção que a doçura do pôr-do -sol. Aprendi esse novo detalhe quando me disseste, na manhã do quarto dia:
- Gosto muito de pôr-do-sol. Vamos ver um...
- Mas é preciso esperar...
- Esperar o quê?
- Que o sol se ponha.
Tu fizeste um ar de surpresa, e, logo depois, riste de ti mesmo. Disseste-me:- Eu imagino sempre estar em casa!
De fato. Quando é meio-dia nos Estados Unidos, o sol, todo mundo sabe, está se deitando na França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao pôr-do-sol. Infelizmente, a França é longe demais. Mas no teu pequeno planeta, bastava apenas recuar um pouco a cadeira. E contemplavas o crepúsculo todas as vezes que desejavas...
- Um dia eu vi o sol se pôr quarenta e três vezes!
E um pouco mais tarde acrescentaste:
- Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol...
- Estavas tão triste assim no dia dos quarenta e três?Mas o principezinho não respondeu

sábado, setembro 10

FORA DO TEMPO

São Paulo (apóstolo, ano 67 D.C.):
"Que as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar. Se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos."

Tertuliano (teólogo cartaginês, século III):
"Mulher, tu és a porta do inferno, foste tu a primeira a violar a lei divina, a corromper aquele que o diabo não ousava atacar de frente; tu foste, na verdade, a causa da morte de Jesus Cristo."

quinta-feira, setembro 8

PRESIDENCIAIS

O "Crónica do Planalto" apoia a candidatura de Francisco Louçã.

quarta-feira, setembro 7

MENSAGEM - Fernando Pessoa

OS TEMPOS II

ANTÓNIO VIEIRA

O céu 'strela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e à glória tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.

No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei DE. Sebastião.

Mas não, não é luar: é luz do etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo.

segunda-feira, setembro 5

ELE HÁ CADA LOUCO

Cientistas do Centro Evangélico para a Explicação Baseada na Fé, afirmam que a há muito aceite «teoria da gravidade« tem falhas e respondem a esta teoria com uma nova teoria da Queda Inteligente.

«As coisas não caem porque são actuadas por uma qualquer força gravitacional, mas porque uma inteligência superior, 'Deus' se quiserem, as puxa para baixo»

Afirmou Gabriel Burdett, graduado em Educação, Escrituras Aplicadas e Física da Universidade Oral Roberts.

domingo, setembro 4

O PEQUENO PRINCIPE (A. de Saint-Exupéry)

Capítulo V
Dia a dia eu ficava sabendo mais alguma coisa do planeta, da partida, da viagem. Mas isso devagarinho, ao acaso das reflexões. Foi assim que vim a conhecer, no terceiro dia, o drama dos baobás.
Dessa vez ainda, foi graças ao carneiro. Pois bruscamente o principezinho me interrogou, tomado de grave dúvida:
- É verdade que os carneiros comem arbustos?
- Sim. É verdade.
- Ah! Que bom!
Não compreendi logo porque era tão importante que os carneiros comessem arbustos. Mas o principezinho acrescentou:
- Por conseguinte eles comem também os baobás?
Fiz notar ao principezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse consigo todo um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único baobá.
A ideia de um rebanho de elefantes fez rir ao principezinho:
- Seria preciso botar um por cima do outro...

Mas notou, em seguida, sabiamente:
- Os baobás, antes de crescer, são pequenos.
É fato! Mas por que desejas tu que os carneiros comam os baobás pequenos?
- Por que haveria de ser? Respondeu-me, como se se tratasse de uma evidência. E foi-me preciso um grande esforço de inteligência para compreender sozinho esse problema.
Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas más. Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que uma cisme de despertar. Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galhinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido.
Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá... O solo do planeta estavam infestadas. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca todo o planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.
"É uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distingam das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos. É um trabalho sem graça, mas de fácil execução."
Em um dia aconselhou-me a tentar um belo desenho que fizesse essas coisas entrarem de uma vez na cabeça das crianças. "Se algum dia tiverem de viajar, explicou-me, poderá ser útil para elas. Às vezes não há inconveniente em deixar um trabalho para mais tarde. Mas, quando se trata de baobá, é sempre uma catástrofe. Conheci um planeta habitado por um preguiçoso. Havia deixado três arbustos..."
E, de acordo com as indicações do principezinho, desenhei o tal planeta.
Não gosto de tomar o tom de moralista. Mas o perigo dos baobás é tão pouco conhecido, e tão grandes os riscos daquele que se perdesse num asteróide, que, ao menos uma vez, faço excepção à minha reserva. E digo portanto: "Meninos! Cuidado com os baobás!" Foi para advertir meus amigos de um perigo que há tanto tempo os ameaçava, como a mim, sem que pudéssemos suspeitar, que tanto caprichei naquele desenho. A lição que eu dava valia a pena. Perguntarão, talvez: Por que não há nesse livro outros desenhos tão grandiosos como o desenho dos baobás? A resposta é simples: tentei, mas não consegui. Quando desenhei os baobás, estava inteiramente possuído pelo sentimento de urgência.

sábado, setembro 3

RESPEITO PELO PRÓXIMO?

Episcopado brasileiro exige condenação do aborto e da eutanásia no país
O desprezo que a Igreja manifesta por toda a opinião livre, revela-se com particular violência na América do Sul onde o tratamento reservado aos autóctones está a meio caminho entre o carinho que prodigalizava aos índios na doce tarefa da evangelização e os maus tratos piedosos aos hereges da Inquisição.
Na sequência da 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, uma reunião de inveterados celibatários, todos do sexo masculino, gente que não sabe nada do que é a vida real a não ser pelos ecos do confessionário, a quem nada falta, tomaram, entre outras, as seguintes decisões:
1 - Pedir ao presidente Lula que «não sancione nenhuma lei que atente contra o direito à vida, por exemplo a aprovação de qualquer tipo de aborto», ou seja, nem em caso de violação, risco de vida para a mãe ou malformações congénitas;
2 - Condenar as iniciativas do Executivo brasileiro, como «a distribuição maciça de preservativos, além de produtos abortivos como o DIU e as assim chamadas pílulas do dia seguinte».
3 - Recordar a carta do Presidente Lula à CNBB em que se comprometia a «não tomar nenhuma iniciativa que contradiga os princípios cristãos», esperando que «tais propósitos sejam traduzidos em gestos concretos, inclusive quando isso exigir o exercício do seu poder de veto», quer quanto a projectos de lei, quer quanto à afectação de recursos financeiros.

Em suma, condicionar a sociedade civil, intrometer-se na política e impor os seus preceitos a todos os cidadãos independentemente de acreditarem ou não na virgindade de Maria e na castidade dos Srs. Bispos, é o objectivo da Igreja Brasileira.

quinta-feira, setembro 1

ESTOU DE VOLTA

Meus caros amigos:
O meu périplo terminou. Felizmente esta "frágil carcassa" não estava tão degradada como eu esperava.
Fui internado na terça-feira de manhã e depois dos habituais exames, tive alta na quarta.
Cheguei muito debilitado, mas tudo ficou minorado, ao ler as palavras de incentivo que fizeram o favor de me deixar.
BEM HAJAM