Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue
(António Gedeão)
PS: Não me tirem os meus "dez réis de esperança". Ou matam-me.
quinta-feira, agosto 20
Dez Réis de Esperança
Posted by A.Mello-Alter at 8/20/2009 05:06:00 da tarde
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Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização.
ResponderEliminar(Martin Luther King).
Para um lutador...
"Recuso-me a aceitar o que me derem.
ResponderEliminarRecuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.
Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.
Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.
Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!"
Jorge de Sena, in 'Coroa da Terra'
Eu estou vivo e isso é incontronável.
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