Depois de 1836, data em que foi extinto o concelho nesta vila, a população continuou a manter-se ligada a uma agricultura de sequeiro, seguindo até meados da década de sessenta, do Sec. XIX, práticas agrícolas e utilizando instrumentos não muito diferentes dos já usados alguns séculos antes pelos romanos.
A escassez de água e a ausência de uma estruturação fundiária capaz de atrair populações de outros pontos do País, com experiência no regadio e na agricultura em áreas de minifúndio, situação que ficou por resolver desde a reconquista do sul do País aos mouros, conduziram à situação paradoxal de transformar uma região que deveria concorrer fortemente para a riqueza do País numa zona pobre e subdesenvolvida.
No livro “Tradicionalidade no Alto Alentejo” da autoria de Maria Lucinda Fonseca e José Manuel Simões a descrição que é feita do Alentejo, choca-me enquanto alentejano, mas tenho de a aceitar com a esperança de que é possível mudar o quadro actual.
Afirmam os autores que presentemente no Alentejo“Trabalho, não há. Os donos das herdades não semeiam. Os montes tornam_se desertos ou convertem-se em lugares de lazer, raramente de trabalho, de novos senhores vindos de Lisboa, da Holanda de Inglaterra ou da Alemanha.
As aldeias vão-se esvaziando de sangue novo. Ficam os desempregados mais velhos que já perderam a esperança de encontrar novo patrão, e os reformados. Estes nem todos. A doença, a idade avançada, a solidão e a magreza das pensões, já levaram alguns para os asilos das vilas ou para Lisboa para casa de algum parente próximo.
Desemprego, emigração temporária para a Suíça, porque em Lisboa e no Algarve não há lugares para tanta procura, ou refúgio nas cidades da região ou nas vilas menos adormecidas, em que os serviços, o comércio, o turismo ou a indústria sempre vão retendo alguns jovens, são os destinos possíveis da gente do Alentejo.
O esvaziamento dos campos e a degradação das condições de vida de grande parte da população sentem-se por toda a parte: herdades abandonadas ou convertidas em reservas de caça turística, os gados e pastores, que pachorrentamente vagueavam ou repousavam, nas horas de sesta, à sombra dos montados, vão rareando na paisagem, fruto da crise ou do progresso, traduzido em novas formas alimentares, cada vez mais baseadas nas forragens e nas rações.
Os baixos níveis de produtividade da agricultura portuguesa, as quotas de produção e os preços dos produtos agrícolas ditados pela Política Agrícola Comum não pressagiam grande futuro para o mundo rural. Por isso urge descobrir outros recursos endógenos que permitam criar alternativas para o desenvolvimento sustentável dessas áreas. A dotação de infra-estruturas que permitam melhorar as acessibilidades, a expansão e aumento das áreas irrigadas, de uma industrialização articulada com o meio físico e social e da recuperação e valorização das artes e ofícios tradicionais são propostas de acções para o Alentejo que já mereceram a concordância de políticos e planeadores.
Sem oportunidades de emprego e de uma vida aceitável, não é possível travar a diáspora alentejana. Sem gente não há vida e o Alentejo agoniza. “
Como referem os autores é necessário descobrir recursos endógenos que permitam criar alternativas para o desenvolvimento sustentável da nossa vila. Com efeito, nesta data está concluído o IC 13 na parte que liga Alter a Portalegre. Trata-se de uma infra-estrutura importante, visto que esta nova via de acesso vai reduzir para metade o tempo a despender no percurso entre Seda e a capital de distrito onde se encontra o hospital público que serve a nossa zona e os serviços mais importantes da orgânica do Estado.
Esperemos que o aumento das áreas irrigadas, dependentes da construção de uma barragem há muito programada e planeada, se concretize a curto prazo propiciando o aparecimento de modernas indústrias agro-alimentares e a consequente criação de empregos qualificados.
A vertente cultural e turística deverá ser estudada e desenvolvida, no âmbito do concelho, de modo a permitir que Seda beneficie, não só da proximidade de Alter e das boas condições de acesso, como das excepcionais condições turísticas e património histórico-cultural que possui.
Seda, 11 de Maio de 2009
(João Aurélio Raposo)
Durante décadas o sertão nordestino brasileiro é açoitado pelo problema da seca. Somente com o amadurecimento de pensamentos idealistas é que as políticas passaram a voltar-se, de fato, a esse problema, com a colocação em prática de projetos de sistemas de irrigação em algumas áreas críticas. Onde apenas havia o chão de barro rachado pelo calor e um horizonte desolador, hoje se vê uma diversificação produtiva de policultura agropecuária, muito tímida ainda, restando muito a ser feito, mas com resultados eficazes.
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