segunda-feira, agosto 4

Vida Local

Exmos Senhores
Direcção da Comissão de Melhoramentos da Freguesia de Seda

A vossa decisão no que me diz respeito, é de uma tremenda injustiça e desumanidade.
Eu estou na instituição desde o 1º dia, (entraram comigo o meu pai, João Lindo, Joaquim Melita e Juliana. Todos convencionados) e esse era o critério mais justo de admissão, mas arranjaram maneira de me fazer ultrapassar por quem vos apeteceu.
Não consigo perceber, porque é que 703,67 € saídos totalmente do meu bolso, vos dão maior prazer que os mesmos 703,67 €, (porque a instituição recebe sempre o mesmo), pagos por mim e pela Seg. Social. Só pode haver duas razões; ou v/excias pensam que eu sou rico, ou encontraram alguém do vosso agrado para ocupar o lugar que por direito me pertence. Ou será só um caso de xenofobia? Mas quando perceber para quem foi o lugar entenderei.
Alguém com mais necessidades, não encontraram certamente.
Todas as pessoas entendidas no assunto a quem tenho exposto este caso, me dizem que só seria possível haver discriminação positiva. V/excias vão em sentido inverso. Benza-os Deus.
Porque eu dou muito trabalho? Como já lhes expliquei, o que a instituição recebe é igual. E certamente, se eu me recusar a entrar, não vão dispensar nenhuma das funcionárias. Aposto que nunca se preocuparam em perguntar que trabalho dou. Em quatro anos que pago os Serviços Especiais, nunca ocupei mais do que 20 a 30 minutos por dia.
De si, Sr presidente, não esperava grande coisa. Afinal, conhecemo-nos de vista. Falámos uma única vez, não temos uma história.
Do parente João Arcângelo, que considero amigo e a quem devo favores, não entendo a atitude, não me parece a sua maneira correcta de agir. Por certo que valores mais altos se levantaram. Quais? Não sei.
Quem me magoa fundo, é o Alexandre. Uma amizade de 30 anos, grande parte deles a trabalhar juntos sem nunca termos tido um desentendimento, mereciam outro respeito. Se a situação fosse inversa, até podia ser que tivesse o mesmo desfecho, mas nunca antes da minha demissão.
Sempre, para onde quer que fui, fiz amigos e fui bem tratado. É na minha própria terra que sinto a discriminação.
O que estão a fazer comigo, é um acto tremendamente indigno, (desculpem o termo). Espero que nunca estejam na minha situação para experimentarem tão grosseira falta de solidariedade.
Eu estou a tentar de todas as maneira, que alguma Instituição me pague os 330,25 € que deviam ser suportados pela Seg. Social. Se não conseguir, vou mesmo assim. Corremos o risco, de que daqui por três ou quatro meses, v/excias tenham que me pôr na rua.
Mas devo informar, que destes factos irei dar conhecimento aos órgãos de soberania competentes para que o Estado tome conhecimento e avalie a idoneidade e a capacidade gestionária das instituições com quem celebra contratos de cooperação, os quais assentam no cumprimento dos princípios estabelecidos no Pacto de Cooperação para a Solidariedade e nos elementares princípios de cidadania.

Seda, 04/08/2008
Atentamente,
(Grito de revolta contra a principal característica das pessoas pouco inteligentes; A Insensibilidade)

4 comentários:

  1. Tens toda a razão em estares chateado.Pelo que percebi é injusto,mas,tem coragem e não desistas.Eles estão começados e não acabados.Deus não dorme.

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  2. Exmo. Sr. Joaquim António Bernardino Godinho:
    Talvez esta não seja a forma mais correcta de responder ao seu grito de revolta contra a Direcção da Comissão de Melhoramentos da Freguesia de Seda, pois estamos aqui tão perto, separados fisicamente apenas por um pouco mais de 200 metros. Mas desta forma temos a oportunidade de esclarecer aos amigos da sua parte e da parte da Direcção, o quanto lamentamos a confusão que envolve um assunto tão delicado.
    Começamos por dar um pouco de razão ao Sr. Joaquim António, quando diz que tinha direito a entrar na valência Lar como convencionado, pois esse era também o nosso desejo desde o princípio. Mas para isso também havia necessidade de, em lugar de nos ter sido atribuídos 12 acordos, tivessem chegado aos 18 que é o número de camas. E mesmo os 12 acordos cedidos ainda se retira 1 que deve estar sempre disponível para os necessitados de emergência da Segurança Social, logo ficam só 11.
    Como o Joaquim António bem sabe, estamos a falar e a tratar de utentes duma freguesia pequena, com um povo bastante envelhecido e sobretudo cheios de carências. Temos uma população de 30 utentes no Apoio Domiciliário, a maioría sem condições de mobilidade e a viverem sozinhos em casa onde passam o dia e noite à mercê de um pouco de sorte, contando muitos dias apenas com as visitas das funcionárias da Instituição. O Sr. Joaquim António apesar de tudo é um felizardo porque tem 24 horas a companhia do seu pai e das funcionárias quatro ou cinco vezes por dia.
    Quando da elaboração do regulamento interno para a valência Lar, pôs-se a questão se deveríamos aceitar ou não situações de grande dependência ou acamados. Prevaleceu o sim, pensando na situação do utente de Apoio Domiciliário, Sr. Joaquim António e mais duas ou três situações identicas. Caso contrário ficariam à partida excluídos e hoje não estávamos aqui a dialogar sobre este assunto.
    Quando se apresentam mais de 20 utentes a solicitar uma entrada e todos em situação de carência, torna-se um pouco difícil atribuir 11 camas. No que diz respeito ao Sr. Joaquim António é bom que se saiba que foi entregue um acordo ao seu pai e um não acordo ao Sr. Joaquim António, este para ocupar um quarto individual e lhe foi garantido que a partir do momento em que tivesse dificuldades em liquidar a mensalidade, a situação se resolvería de alguma forma, porque no regulamento interno "Ponto 5 da Norma XVI" diz:
    Sempre que o contexto económico do utente, seja precário ser-lhe-á calculado um valor considerado justo, de forma a poder continuar a usufruir de uma vida respeitada. Portanto, quando o Sr. Joaquim António diz que ao fim de três ou quatro meses corre o risco de o porem na rua, isso nunca iría acontecer. Nem a si, nem a nenhum outro.
    Por princípio, todos os candidatos a residentes de Lar, devem entrar pelo seu próprio pé, de preferência, para que façam na sua nova habitação uma vida normal. Daí a obrigatoriedade de contratação de uma animadora cultural.
    Perante o cenário que se nos apresentava, entendeu a Direcção e a Directora Técnica da Instituição que sería de considerar todos os grandes dependentes em igualdade de circunstâncias, logo, atribuir os acordos às 11 pessoas mais carenciadas pela solidão e velhice mas que se movimentam pelos seus próprios meios e os 6 não convencionados, às pessoas que carecem de maiores cuidados pela sua grande dependência. Esta a situação que a Direcção da Instituição irá acompanhar de perto conforme o grau de pobreza de cada um até à chegada de novos acordos.
    Depois de esclarecida toda a confusão que lamentavelmente o Sr. Joaquim António criou, só lhe pedimos que da próxima vez peça primeiro esclarecimentos à Direcção e Direcção Técnica e depois proceda então em conformidade com a realidade. Esta Direcção, esteve, está e estará até ao último dia do seu mandato, a trabalhar voluntariamente e ao serviço da comunidade e com o maior rigor no cumprimento dos princípios estabelecidos no pacto de cooperação para a solidariedade e nos elementares princípios da cidadania.

    A Direcção da Comissão de Melhoramentos da Freguesia de Seda.

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  3. Exmos Senhores
    Direcção da Comissão de Melhoramentos da Freguesia de Seda
    Li atentamente a v/resposta e fiquei satisfeito com a franqueza. Uma característica que prezo muito e que costumo usar. O meio usado para o nosso pequeno “confronto”, é só um sinal dos tempos. E este espaço é livre e alargado a amigos e conhecidos, que avaliarão das nossas razões.
    Também é verdade que as minhas dúvidas persistem. Pedi uma cópia da Acta de Deliberação que ainda não recebi. Vossas excelências sabem certamente que tal acta devia ser pública, tendo bem explícitos os critérios de escolha. Também devia ser exposta a grelha dos utentes escolhidos e os motivos da escolha. E devia ter sido dado um prazo de reclamação a quem se considerasse prejudicado. É de Lei. Eu fui notificado da minha situação por mail, ás 16,30 horas com obrigação de resposta até ás 17 horas. São muitas falhas seguidas.
    Sem contar que, se não me falha a memória, segundo os Estatutos, (oriundos duma associação congénere do Crato, limpos das referências de origem por mim), a direcção tem poder de Representação e de Gestão Corrente. Salvo mais competente apreciação, este acto, Avaliação dos Candidatos a Lar, competia ser decidido pelo Plenário dos Órgãos Sociais. Por algum motivo está a ser contestado por dentro.
    Quanto ao critério de escolha, o lógico seria começar pelos mais necessitados ou pelos que estão há mais tempo na instituição. Em ambos os casos, teriam que me incluir. Excluir os que mais precisam não me parece certo. Eu fiquei com a ideia que v/excias pensaram: “estes como não podem dizer que não, pagam tudo”. Eu não consigo entender, como depois de nove anos a ser subvencionado pela Segurança Social, sou excluído. Quando todos os outros que comigo começaram, continuam a merecer o apoio.
    È verdade que me foi dito que se não pudesse pagar a Direcção podia avaliar a situação, (um dos poderes que lhes cabem), mas só depois de vos ter escrito a carta.
    Vossas excelências consideraram as pessoas solitárias. Mas esqueceram-se que com a entrada de meu pai, eu ficaria numa situação ainda mais complicada.
    Mas tudo vai acabar por passar. Tudo se vai resolver a contento de todos e sem que a Instituição seja prejudicada. As coisas parecem estar bem encaminhadas.
    Eu conheço todos os senhores. Com alguns mantenho até uma boa amizade. Espero que ela perdure e que este nosso confronto de opiniões não dê lugar a represálias no futuro, estou convencido que não.
    Atentamente,

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  4. Em democracia os cidadãos lutam pelos seus direitos. Quando se luta às vezes ganha-se mas quando não se luta perde-se sempre.A tua luta é justa e a tua situação é conhecida de muita gente que segue com atenção o desfecho da situação.

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