Capítulo II (continuação)
A Chica tinha duas explicações que dependiam do seu estado de espírito. Quando estava de bem com ele, jurava a pés juntos que era o malandro do Malaquias que punha uma droga no vinho. Que desde que a mulher lhe tinha posto os cornos e fugido com o louceiro, só queria ver desgraça na casa alheia.
A Chica tinha duas explicações que dependiam do seu estado de espírito. Quando estava de bem com ele, jurava a pés juntos que era o malandro do Malaquias que punha uma droga no vinho. Que desde que a mulher lhe tinha posto os cornos e fugido com o louceiro, só queria ver desgraça na casa alheia.
Quando andava atacada de ciumeira, a culpa continuava a ser do corno do Malaquias; mas por causa da "vaca" da ucraniana de grandes tetas, com quem vivia amasiado e que tinha a servir ao balcão.
A vida lá ia correndo mansamente na aldeia de Vila Formosa, as crianças cresciam e nada de muito grave perturbava a santa vida da "nossa" família.A única alteração a esta rotina, devia-se ás trapalhadas do Zé, que muitas vezes se enganava na porta ao voltar a casa.
A principal vítima destes enganos, (propositados?), era a vizinha da frente; a menina Alice. Era normal vê-la a escorraçar o "borracho" de casa, armada de uma grande Moca de Rio Maior.
Alicinha era a "fiel depositária" da chave da igreja e catequista da aldeia. Tinha cinquenta e cinco anos e vivia sozinha desde a morte dos pais. Dizia-se na aldeia que durante a sua longa vida de beata, só se tinha dado mal com um padre. Da já longínqua desavença, resultou a imediata transferência do jovem padre e o internamento de uma semana da Alicinha numa clínica de Badajoz a tratar uma doença de nervos.
A Chica não lhe falava desde que o Zé começou a enganar-se na porta. E não se importava de lhe gritar da sua porta:- Porca! Santinha do pau oco! Queres dar-me cabo da vida como ao padre Ricardo? Mas eu dou-te uma pazada no toutiço, ratazana de sacristia…
(continua)
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