Capítulo XXIV - Ele morreu?
A detective Vanessa sentou-se no sofá que outrora estivera coberto pelo sangue de Ambrósio. Acendeu um cigarro e cruzou lentamente as pernas, numa cena que lembrava Sharon Stone em "Instinto Selvagem".
- Creio que você chegou tarde... - apressou-se a explicar Marilena. Meu marido já voltou.
- Ele é o Ambrósio? - Espantou-se Vanessa, sem conseguir esconder sua expressão de asco - E o que... ou quem fez isso a ele?
- Ainda não sabemos - disse Arlindo.
- Com certeza foi algum acidente... - emendou Jeitosinha, um pouco nervosa.
A experiente Vanessa percebeu o ambiente pesado do lar. "Aqui, com certeza, se escondem grandes segredos", pensou.
Fascinada por seu ofício, naquele momento a bela detective soube que não teria sossego enquanto não desvendasse cada detalhe do que já chamava de "Caso Ambrósio".
- Conte-me, meu bom homem. Quem o feriu?
Ambrósio tremeu à simples lembrança de fragmentos da cena, que ele nem sequer conseguia verbalizar.
- N-não me lembro. Não quero saber. Eu estou bem.
A mulher tocou Ambrósio carinhosamente.
- Procure se lembrar... Estas marcas... Foi, sem dúvida, uma arma cortante. Talvez uma lâmina grossa... Uma serra...
- Não! - Ambrósio encolheu-se, em pânico, protegendo a cabeça com as mãos...
Jeitosinha sentiu um arrepio na espinha. E se o pai recobrasse a memória?
A detective Vanessa continuou seu trabalho.
- Procure se lembrar... Uma pessoa, uma imagem...
Ambrósio subitamente silenciou-se. Com os olhos fixos na linda policial exclamou baixinho:
- Sim... Eu me lembro de algo. Sim!
- O quê? O quê? - A excitação de Vanessa era quase sexual.
- Foi ela! Foi ela! - gritou, apontando para Jeitosinha.
- É mentira! - Gritou Jeitosinha.
- "Cale-se! Deixe o homem concluir seu relato!" - disse a detective. E voltando-se para Ambrósio: - Diga, senhor... Ela fez isso com você. E depois?
- Depois homens verdes, numa nave espacial me trouxeram de volta à vida!
A policial sorriu, constrangida, e abraçou o fragilizado Ambrósio.
- Homens verdes? É uma alucinação, sem dúvida... Por hoje é só. Mas me aguardem. Vou continuar as investigações.
Jeitosinha sentiu-se mais leve. Marilena e Arlindo olharam para o pai e para a loira, com expressões indecifráveis.
Longe dali, a primeira coisa que Bruno viu foi uma luz branca e intensa. O rosto de Jeitosinha sorria para ele, emoldurada por centenas de pénis de todos os tamanhos e formas.
- Estou no paraíso! - sussurrou.
Mas o delírio foi interrompido pela penetração contundente de uma agulha de injecção. De olhos abertos, o confuso rapaz viu um homem de roupa alva, parado ao lado da cama de hospital onde estava deitado.
- Você nasceu de novo, filho. A bala acertou de raspão a sua fronte.
- O-onde estou? - No ambulatório de um hospital público.
Bruno percorreu o lugar com os olhos e não acreditou no que viu. Com uma touca cobrindo os cabelos, adormecida na cama ao lado, encontrava-se ninguém menos que sua amada.
- Jeitosinha! - Exclamou.
- Só se for nome de guerra... - corrigiu o médico - Ele chegou aqui como Adenair e agora é Adenaíra...
-Adenaíra? - espantou-se.
- Sim... Ele submeteu-se ontem a uma cirurgia para mudança de sexo. Mas talvez nunca aproveite sua nova anatomia...
- "Porquê doutor? Porquê doutor?" - O homem tomou um longo fôlego antes de explicar a Bruno o drama do ex-irmão, agora irmã, de Jeitosinha.
Gente, já pensou isso no cinema, com a Cameron Diaz de Jeitosinha?
domingo, junho 26
A VERDADEIRA IDENTIDADE DE JEITOSINHA (autor desc.)
Posted by A.Mello-Alter at 6/26/2005 01:20:00 da tarde
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